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Sono: Mitos e verdades
20/07/2015 · 1 min de leitura
Diversos estudos têm demonstrado a importância do sono para a saúde. Dormir bem, segundo o pneumologista e especialista em sono no Sírio-Libanês, o dr. Maurício da Cunha Bagnato, significa dormir entre sete a oitos horas ininterruptas diariamente. Horas a mais ou a menos podem afetar a memória, o aprendizado, a criatividade, a produtividade e a estabilidade emocional.
Segundo pesquisa da Universidade de Ciência e Tecnologia da Noruega, divulgada em 2013, muitas noites em claro tendem a causar problemas no coração. Os cientistas acompanharam 50 mil voluntários com idades entre 20 e 89 anos durante mais de uma década. No início do estudo, ninguém apresentava distúrbios cardiovasculares. Depois de 11 anos de observação, as pessoas com sono ruim apresentaram sintomas como exaustão e falta de ar.
Outros estudos da Faculdade de Medicina da Universidade de Pittsburgh dos Estados Unidos, também divulgados em 2013, indicam que, além do coração, diversos outros sistemas corporais são afetados de forma negativa pelo sono inadequado: pulmões, rins, apetite, metabolismo e controle de peso, função imunológica e resistência a doenças, sensibilidade à dor, humor e função cerebral.
É importante destacar que o excesso de horas na cama também faz mal. Segundo o dr. Bagnato, as crianças tendem a dormir muito, às vezes mais que oitos horas, já os adultos dormem por aproximadamente oito horas e com o envelhecimento pode começar a dormir menos, com alguns cochilos diurnos. No entanto, o ideal é mesmo na fase adulta dormir entre sete a nove horas.
A privação de sono pode ocasionar muitos efeitos deletérios, como redução da memória recente, redução da concentração, redução dos reflexos e aumento da irritabilidade. "Vários trabalhos têm mostrado também uma modulação da expressão de vários genes frente ao sono insuficiente. Por exemplo, os genes responsáveis nos processos inflamatórios podem ficar mais ativos, enquanto que os genes responsáveis pela imunidade têm suas atividades reduzidas", explica Bagnato.
Ciente das várias dificuldades relacionadas ao sono, o Hospital Sírio-Libanês criou a Unidade de Medicina do Sono, que conta com modernos recursos tecnológicos para alcançar diagnósticos mais precisos.
O exame de polissonografia, oferecido na unidade, por exemplo, é capaz de registrar e comparar diferentes variáveis biológicas durante o sono e auxiliar no diagnóstico e no acompanhamento de várias condições clínicas. Entre elas, o ronco, a apneia, os distúrbios ventilatórios e respiratórios, as doenças cardiovasculares, as alterações nos movimentos durante o sono, a epilepsia noturna e o sonambulismo. Neste exame, o paciente dorme com sensores fixados no corpo, que permitem o registro dessas disfunções do organismo.
A unidade oferece ainda atendimento especializado para recém-nascidos, crianças e adolescentes com a possibilidade de exames diurnos ou noturnos, conforme a gravidade do caso.
Mitos e verdades sobre o sono
Veja a seguir alguns mitos e verdades sobre o sono, respondidos pelo dr. Bagnato, que além de integrante da Unidade de Medicina do Sono do Sírio-Libanês, também é membro da Sociedade Paulista e Brasileira de Medicina do Sono e Preceptor do Ambulatório de Medicina do Sono da Disciplina de Pneumologia, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Quanto mais se dorme, melhor.
MITO - Recomenda-se dormir entre sete e nove horas todos os dias, sendo por volta de sete a oito horas geralmente o ideal.
O ronco é prejudicial à saúde.
VERDADE - O ronco é a vibração das vias aéreas (nariz e garganta) em decorrência de uma dificuldade da passagem de ar. Muitas vezes, ele provoca "quebras" frequentes e breves do sono, levando à sonolência diurna. O ronco pode ser um sinal de apnéia do sono.
Ingerir bebidas alcoólicas ajuda a dormir bem.
MITO - Embora o álcool demonstre um efeito de sonolência num primeiro momento, trata-se de uma sensação falsa provocada pelo início da embriaguez. As bebidas alcoólicas são, na verdade, estimulantes e o consumo de cervejas, vinhos, uísque, vodka e das demais bebidas alcoólica deteriora a qualidade do sono, prejudicando sua qualidade.
O importante é dormir de seis a oito horas, mesmo que sejam dividas ao longo do dia.
MITO - O melhor sono é aquele ininterrupto. Por isso, indica-se dormir no período noturno, em ambientes totalmente escuros, silenciosos, bem ventilados (aproximadamente 24ºC), limpos e sem a presença de animais domésticos. A claridade, o barulho e os movimentos na cama podem interromper o sono.
Dormir ajuda as crianças a crescerem.
VERDADE - Mas dentro dos limites necessários recomendado para cada idade. Isso ocorre porque o pico do hormônio do crescimento é noturno. Se não há um bom sono, a criança pode ter a sua estatura afetada.
Fazer atividade física antes de dormir atrapalha o sono.
VERDADE - Embora sejam indicadas para o bem estar e para uma vida mais saudável, as atividades físicas devem ser realizadas até cinco horas antes de dormir pelas pessoas que têm problema com o sono. Os exercícios físicos tendem a aumentar excitabilidade depois de realizados, prejudicando o descanso noturno.
Cochilar à tarde faz bem.
VERDADE - Desde que não ultrapasse os 40 minutos após o almoço. Mais do que isso pode começar a prejudicar o sono noturno, que é o mais importante.
Dormir durante o dia e ficar acordado à noite é normal.
MITO - Este problema pode ser considerado uma síndrome e está fora dos padrões da normalidade. O ser humano foi programado para dormir à noite, quando ocorre a ausência de luz, a secreção da melatonina (hormônio responsável por regular o sono) e a temperatura do corpo cai. A junção desses fatores contribui para o descanso. Geralmente, as pessoas que dormem durante o dia dormem menos e o sono não tem a mesma qualidade do sono noturno.