Pneumonia: o que é, causas, tratamentos e como prevenir

Saiba o que é a pneumonia, suas causas, principais tratamentos e o que fazer para prevenir e tratar a doença corretamente.

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A pneumonia é uma infecção respiratória aguda que afeta o parênquima pulmonar, provocando inflamação nos alvéolos — estruturas microscópicas fundamentais para as trocas gasosas. Quando esses alvéolos se inflamam e preenchem-se com líquido inflamatório ou material purulento, a capacidade do organismo de realizar as trocas gasosas fica comprometida, podendo levar a queda da oxigenação e insuficiência respiratória.

Esta condição pode ser causada por amplo espectro de agentes infecciosos, incluindo bactérias, vírus, fungos e micobactérias causadoras de tuberculose. Embora possa afetar indivíduos de todas as faixas etárias, populações específicas como idosos, crianças pequenas e pessoas com comprometimento do sistema imunológico apresentam maior suscetibilidade e risco elevado de complicações graves.

O que é pneumonia?

A pneumonia representa uma infecção aguda do parênquima pulmonar que desencadeia resposta inflamatória nos alvéolos pulmonares. Em condições fisiológicas normais, os alvéolos permanecem preenchidos por ar, permitindo eficiente difusão de oxigênio para o sangue e eliminação de dióxido de carbono. Durante o processo infeccioso, o líquido exsudato inflamatório extravasa dos vasos sanguíneos para os tecidos circundantes, sendo composto por plasma sanguíneo, células inflamatórias (como leucócitos), proteínas e outros componentes, ele preenche esses espaços alveolares, criando áreas de consolidação pulmonar que prejudicam as trocas gasosas.

A gravidade da pneumonia varia consideravelmente ao longo de um espectro que se estende desde formas leves, tratáveis ambulatorialmente, até quadros graves com insuficiência respiratória aguda requerendo suporte ventilatório em unidade de terapia intensiva. Múltiplos fatores influenciam essa variabilidade, incluindo o agente etiológico, a extensão do comprometimento pulmonar, a resposta imunológica do hospedeiro e a presença de comorbidades.

O que causa pneumonia?

A pneumonia pode ser desencadeada por diversos microrganismos, cada qual com características epidemiológicas e clínicas distintas. O Streptococcus pneumoniae, permanece como o agente bacteriano mais prevalente na pneumonia adquirida na comunidade, responsável por quadros que variam desde formas leves até pneumonia grave com bacteremia.

Pneumonia bacteriana

Além do pneumococo, outras bactérias desempenham papel importante na etiologia da pneumonia. O Haemophilus influenzae frequentemente acomete pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica subjacente. O Staphylococcus aureus pode causar pneumonia necrotizante grave, particularmente após infecções virais que comprometem os mecanismos de defesa pulmonar.

As chamadas "bactérias atípicas" — Mycoplasma pneumoniae, Chlamydophila pneumoniae e Legionella pneumophila — podem causam quadros com apresentação clínica um pouco diferente, sintomas mais arrastados e tosse e febre menos proeminente.

Pneumonia viral

Os vírus respiratórios constituem causa significativa de pneumonia, especialmente durante períodos epidêmicos sazonais. O vírus influenza permanece como importante agente, particularmente em idosos e portadores de doenças crônicas. O vírus sincicial respiratório representa a principal causa de bronquiolite e pneumonia em lactentes e crianças pequenas. A pandemia de COVID-19 destacou o SARS-CoV-2 como agente capaz de causar pneumonia grave com síndrome do desconforto respiratório agudo. Outros vírus como adenovírus, vírus para influenza e metapneumovírus humano também podem causar pneumonia, menos frequentemente.

Pneumonia fúngica

Embora menos frequentes na população geral, as pneumonias fúngicas assumem importância crítica em hospedeiros imunocomprometidos. O Pneumocystis jirovecii causa pneumonia grave em pacientes com AIDS avançada ou sob imunossupressão intensa.** Histoplasma capsulatum** e Cryptococcus neoformans e paracoccidoides brasiliensis podem causar infeccoes em áreas endêmicas. O Aspergillus pode provocar doença pulmonar muito grave, especialmente em imunocomprometidos.

Fatores de risco

Os extremos de idade constituem fator de risco importante: idosos apresentam declínio da resposta imunológica e frequentes comorbidades, enquanto crianças pequenas possuem sistema imunológico ainda em desenvolvimento.

Doenças crônicas incluindo diabetes mellitus (que compromete a função leucocitária), cardiopatias , pneumopatias crônicas (com alteração dos mecanismos de defesa pulmonar) e nefropatias (afetando a imunidade).

Estados de imunossupressão, sejam primários ou adquiridos, elevam também o risco. Isso inclui infecção pelo HIV, neoplasias hematológicas, uso de corticosteróides em doses elevadas e prolongadas, quimioterapia e terapias biológicas imunossupressoras.

Fatores relacionados ao estilo de vida também influenciam o risco: o tabagismo compromete a defesa pulmonar; o etilismo crônico suprime reflexos protetores das vias aéreas e deprime a resposta imunológica; a exposição ocupacional a poluentes e irritantes respiratórios danificam o as células do sistema respiratório.

Como se contrai pneumonia?

A inalação de aerossóis contaminados representa uma via comum, ocorrendo quando indivíduos infectados disseminam gotículas contendo microrganismos através de tosse, espirro ou fala. Essas partículas podem permanecer suspensas no ar por períodos variáveis ou depositar-se em superfícies, onde alguns patógenos mantêm viabilidade.

A aspiração de conteúdo orofaríngeo, refere-se à entrada acidental de material proveniente da boca e da garganta como saliva, secreções, restos de alimentos ou líquidos, constitui um mecanismo importante no desenvolvimento de pneumonia, especialmente em indivíduos com alteração dos reflexos protetores das vias aéreas. Isso ocorre em pacientes com rebaixamento do nível de consciência, disfagia neurogênica, refluxo gastroesofágico grave ou sob efeito de sedativos.

A disseminação hematogênica, quando microorganismos alcançam os pulmões por meio da corrente sanguínea, embora menos comum, pode resultar em pneumonia quando há bacteremia originada de locais distantes como endocardite, infecções abdominais ou de pele.

Sintomas de pneumonia

Os sintomas respiratórios incluem tosse,geralmente produtiva, com expectoração que pode variar de mucóide a francamente purulenta ou mesmo com laivos de sangue. A dor torácica pleurítica, dor aguda no peito, exacerbada pela respiração profunda ou tosse, pode ocorrer. A falta de ar reflete o comprometimento das trocas gasosas e pode variar desde desconforto respiratório leve até insuficiência respiratória franca.

Manifestações sistêmicas como febre, geralmente elevada e acompanhada de calafrios, refletem a resposta inflamatória do corpo. Sudorese, particularmente noturna, pode ocorrer. A astenia e mal-estar geral podem ser intensos, junto com fadiga.

Idosos frequentemente manifestam confusão mental, declínio funcional ou descompensação de doenças preexistentes como diabetes e problemas cardíacos. Crianças pequenas podem apresentar irritabilidade, recusa alimentar e sinais de esforço respiratório como batimento de asa nasal e retrações intercostais.

Como saber se estou com pneumonia?

O diagnóstico de pneumonia requer integração cuidadosa de dados clínicos, exames de imagem e testes laboratoriais. A avaliação clínica inicial inclui história clínica detalhada explorando início e evolução dos sintomas, exposições relevantes e fatores de risco. O exame físico pode revelar aumento da frequência respiratória, uso de musculatura respiratória, e alterações à ausculta pulmonar.

A radiografia de tórax é o exame de imagem inicial, podendo demonstrar infiltrados alveolares, consolidações lobares ou segmentares, broncogramas aéreos ou derrame pleural associado. A tomografia computadorizada oferece é particularmente útil em casos de dúvida do diagnóstico, em apresentações atípicas, complicações ou falha terapêutica.

Exames laboratoriais auxiliam no diagnóstico. O hemograma , junto com marcadores inflamatórios como proteína C reativa e procalcitonina em geral estão alterados.

A identificação do agente etiológico, embora desafiador, orienta a terapia específica. Culturas de escarro, quando adequadamente coletadas, podem isolar o patógeno. Hemoculturas são indicadas em pneumonia grave. Testes moleculares para agentes respiratórios e teste urinários ampliam o arsenal diagnóstico.

Tratamentos para pneumonia

O tratamento da pneumonia deve ser individualizado considerando gravidade, agente suspeito, comorbidades e fatores epidemiológicos locais

Antibioticoterapia empírica
Para pneumonia leve tratada ambulatorialmente, antibióticos orais constituem uma opção apropriada. Em pneumonia moderada requerendo hospitalização, a administração de antibióticos endovenosos é recomendada.

Terapia antiviral e antifúngica
Quando identificada etiologia viral específica, significa que a causa da doença foi confirmada como sendo um vírus determinado, os antivirais podem ser indicados: especialmente nos casos de influenza e covid 19, mas dirigido a populações especiais com maior risco de complicação.

Pneumonias fúngicas requerem terapia específica, com antifúngicos dirigidos aos diferentes agentes.

Como prevenir a pneumonia?

A prevenção da pneumonia envolve estratégias direcionadas tanto a reduzir a exposição quanto a fortalecer defesas do hospedeiro. A vacinação representa a intervenção preventiva mais efetiva. A vacina pneumocócica, a vacina contra influenza ,vacinas contra COVID-19 e a vacina contra vírus sincicial respiratório estão disponíveis para populações específicas.

Medidas de higiene e controle de infecção incluem higienização frequente das mãos, etiqueta respiratória ao tossir ou espirrar, uso de máscaras em situações de risco e adequada ventilação de ambientes. Durante surtos sazonais, evitar aglomerações reduz a transmissão.

Modificações do estilo de vida impactam significativamente o risco. A cessação do tabagismo é imperativa, com benefícios iniciando-se rapidamente. Nutrição adequada, exercícios regulares e sono reparador fortalecem a resposta imunológica. O controle glicêmico rigoroso em diabéticos e o manejo otimizado de doenças crônicas reduzem a suscetibilidade.

Quando procurar atendimento médico?

O reconhecimento precoce de sinais de gravidade é crucial para um prognóstico favorável. Indicações de procura imediata por atendimento incluem falta de ar progressiva ou em repouso, e saturação de oxigênio inferior a 92% em ar ambiente, confusão mental ou alteração do sensório, hipotensão, dor torácica intensa ou persistente.

A importância do acompanhamento especializado

O manejo adequado da pneumonia, especialmente em casos moderados a graves, beneficia-se de expertise pneumológica especializada. O Núcleo de Doenças Pulmonares e Torácicas do Hospital Sírio-Libanês oferece atendimento de excelência através de equipe multidisciplinar.

A instituição dispõe de recursos diagnósticos avançados incluindo tomografia de alta resolução, broncoscopia com lavado broncoalveolar, testes moleculares rápidos e suporte laboratorial completo. Para casos graves, unidades de terapia intensiva equipadas com tecnologia de ponta em suporte ventilatório garantem os melhores desfechos possíveis.

Revisado por: Dra. Gabriela Pogorzelski e Dr. Andre Nathan